domingo, 13 de janeiro de 2008

Grata surpresa

Sempre fui um cara apaixonado por desenho. Quando criança, tinha cadernos e mais cadernos de folhas em branco, que ganhava de meus pais para poder exercitar. Caixas de lápis-de-cor para mim era com uma jóia: detestava emprestá-los, guardava todos organizadamente e apontá-los parecia uma tortura. Recordo-me quando ganhei minha primeira caixa de 36 cores da Faber Castell. Quase fiquei maluco. Foi na década de 80 e, por incrível que pareça, mesmo não utilizando mais, a tenho até hoje, como uma relíquia.

O tempo passou e cheguei ao que antes era chamado colegial. Fazia curso técnico e, como todo adolescente, tinha "minha galera". Muitas pessoas entraram e saíram da turma durante os meus 4 anos na ETE (Escola Técnica Estadual) de São Bernardo. E foi nestas idas e vindas que conheci o Rodrigo. Um cara bacana, simpático e que atraiu minha atenção de imediato pois sempre andava com uma pasta bem grande. Apesar dele estar fazendo o curso de "Laboratorista Industrial", trabalhava nos Estúdios Maurício de Sousa. Putz, foi minha glória, pois passávamos bastante tempo conversando sobre isso, minha curiosidade era inesgotável sobre o assunto e acabávamos invariavelmente com ele me mostrando os primeiros traços de próximas histórias da Turma da Mônica.

Em 1994, no meu aniversário, fizemos uma comemoração e ganhei um cartão, desenhado pelo Rodrigo, em que retratava os mais próximos da turma. Traçado em grafite azul, usado em estúdios, e sem a arte-final, fiquei encantado. Este é o cartão:

Até por ele estar trabalhando desenhando Mônica, Cebolinha e outros personagens é natural que o traço dele pendesse para aquele estilo. Muito bacana.

Minha família se mudou de São Bernardo para Mogi e, mesmo com juras de amizade eterna - comuns a esta fase da vida - nos afastamos, cada um seguindo teu caminho. Alguns casaram, têm filhos, sua família. Outros nem notícias tive mais.

Pressão por trabalho, responsabilidade crescente, preocupações, comodismo... resultado: eu nunca mais desenhei.

Até que li uma notícia no dia 17 de dezembro que me chamou atenção. Na página principal do UOL estava a seguinte manchete: "Brasileiro é escolhido melhor desenhista de 2007 por revista dos EUA" . Atraído por essa minha antiga paixão fui ler a matéria e qual não foi minha surpresa? O tal melhor desenhista é justamente o Rodrigo. Fiquei emocionado, de verdade. Entretanto ele não usa mais o primeiro nome, artisticamente é chamado pelo segundo nome e sobrenome: Ivan Reis (acredito eu que até por uma questão de pronúncia no inglês). O cara sempre foi talentoso, mas isso supera quaisquer expectativas.

Quero deixar aqui, mesmo não tendo mais contato com ele, meus sinceros parabéns e minha reverência. É necessário, além de muito talento, dedicação, esforço, abdicação e perseverança para atingir um patamar assim. Parabéns Ivan Reis (para mim, sempre Rodrigo).

Aqui é um desenho dele que foi publicado na reportagem:


Em tempo: no Fantástico do último domingo, a cada volta de intervalo comercial, foram exibidos desenhos dele. Magnífico.

Ouvindo:
Ira! - Eu Vou Tentar

9 comentários:

Arne Balbinotti disse...

Bacana mesmo heim...
Legal um brasileiro ter sido escolhido.
Parabéns ao Rodrigo, digo, Ivan Reis.
Rodrigo só para os intimos... hehehe...
Mas não se preocupe, minha turma também se dissipou, e as vezes tenho uma vontade enorme de rever todos juntos em uma sala, todos do jeito que estão agora e ter uma manha de aula com nossos antigos professores.
Seria PERFECT.
Abraços menino.

Rafael Almeida Teixeira disse...

Não sabia que Khaled Hosseini tinha outro livro.
Legal.
Obrigado pela dica.
gostei da aparência do seu blog cara.
Abraços.

Nana Lopes - @Nanamada disse...

Essas ilustrações do Ivan são maravilhosas. Ele esta na minha lista de postagem do meu blog de artes,hehehehe.Beijokas!!
http://nanamada.blogspot.com

Nana Lopes - @Nanamada disse...

PS: seu barraco é bem interessante!
Vou xeretar tudo!!

Flávia disse...

Menino, que história bacana... é gostoso saber notícias dos amigos que marcaram uma fase da nossa vida - e que de certa forma ainda marcam, mesmo que o tempo e as resposabilidades tenham se encarregado de soprar cada um para um lado. Talentosíssimo esse Rodrigo... toda sorte do mundo a ele.

Essa caixa de lápis de cor de 36 cores da faber castell era o meu sonho de consumo lá pelos meus nove anos... lembro que economizei o dinheiro do lanche durante algumas semanas pra comprar a minha. Morria de pena até de apontar os lápis... ainda hoje continuo fascinada por cores e traços. Ainda hoje coleciono lápis de cor. De certa forma, ainda hoje continuo tendo 9 anos.

Show o seu barraco.

Beijos!

Thiago Cavalcante disse...

Opa!

Passei pro aqui pois vique tu curtiu "O Caçador de Pipas".

Hoje to indo pra Santo André pra poder ver esse livro na Telona. hehehe

Eu também tive um caixa de 36 da Faber Castell .. ficava doidinho quando criança hehe

Também fiz ETE - ADM.

Li o 3º travesseiro também...

Só nãoconehci o Rodrigo (Ivan Reis) - hehehe.


Faço votos que algum dia você consiga rever seu amigo, quem sabe o e-mail dele. hehehe

Abraços. Espro ser sempre bem vindo aqui.

R Lima disse...

Estas recordações são eternas e revigorantes..



Texto de hoje: pLeniTude...

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