Sempre fui um cara apaixonado por desenho. Quando criança, tinha cadernos e mais cadernos de folhas em branco, que ganhava de meus pais para poder exercitar. Caixas de lápis-de-cor para mim era com uma jóia: detestava emprestá-los, guardava todos organizadamente e apontá-los parecia uma tortura. Recordo-me quando ganhei minha primeira caixa de 36 cores da Faber Castell. Quase fiquei maluco. Foi na década de 80 e, por incrível que pareça, mesmo não utilizando mais, a tenho até hoje, como uma relíquia.
O tempo passou e cheguei ao que antes era chamado colegial. Fazia curso técnico e, como todo adolescente, tinha "minha galera". Muitas pessoas entraram e saíram da turma durante os meus 4 anos na ETE (Escola Técnica Estadual) de São Bernardo. E foi nestas idas e vindas que conheci o Rodrigo. Um cara bacana, simpático e que atraiu minha atenção de imediato pois sempre andava com uma pasta bem grande. Apesar dele estar fazendo o curso de "Laboratorista Industrial", trabalhava nos Estúdios Maurício de Sousa. Putz, foi minha glória, pois passávamos bastante tempo conversando sobre isso, minha curiosidade era inesgotável sobre o assunto e acabávamos invariavelmente com ele me mostrando os primeiros traços de próximas histórias da Turma da Mônica.
Em 1994, no meu aniversário, fizemos uma comemoração e ganhei um cartão, desenhado pelo Rodrigo, em que retratava os mais próximos da turma. Traçado em grafite azul, usado em estúdios, e sem a arte-final, fiquei encantado. Este é o cartão:

Até por ele estar trabalhando desenhando Mônica, Cebolinha e outros personagens é natural que o traço dele pendesse para aquele estilo. Muito bacana.
Minha família se mudou de São Bernardo para Mogi e, mesmo com juras de amizade eterna - comuns a esta fase da vida - nos afastamos, cada um seguindo teu caminho. Alguns casaram, têm filhos, sua família. Outros nem notícias tive mais.
Pressão por trabalho, responsabilidade crescente, preocupações, comodismo... resultado: eu nunca mais desenhei.
Até que li uma notícia no dia 17 de dezembro que me chamou atenção. Na página principal do UOL estava a seguinte manchete: "Brasileiro é escolhido melhor desenhista de 2007 por revista dos EUA" . Atraído por essa minha antiga paixão fui ler a matéria e qual não foi minha surpresa? O tal melhor desenhista é justamente o Rodrigo. Fiquei emocionado, de verdade. Entretanto ele não usa mais o primeiro nome, artisticamente é chamado pelo segundo nome e sobrenome: Ivan Reis (acredito eu que até por uma questão de pronúncia no inglês). O cara sempre foi talentoso, mas isso supera quaisquer expectativas.
Quero deixar aqui, mesmo não tendo mais contato com ele, meus sinceros parabéns e minha reverência. É necessário, além de muito talento, dedicação, esforço, abdicação e perseverança para atingir um patamar assim. Parabéns Ivan Reis (para mim, sempre Rodrigo).
Aqui é um desenho dele que foi publicado na reportagem:

Em tempo: no
Fantástico do último domingo, a cada volta de intervalo comercial, foram exibidos desenhos dele. Magnífico.
Ouvindo:
Ira! - Eu Vou Tentar